quinta-feira, 10 de abril de 2014

A Educação para Froebel


Friedrich Froebel:

Natural de Oberweibach na Alemanha, filho de um pastor protestante, ficou órfão de mãe em tenra idade e foi criado com certa aspereza pela sua madastra, dos 10 aos 14 anos foi morar com seu tio materno, também pastor, anos que considerou feliz.

Resultado de seu temperamento introspectivo passou a observar e interpretar as atividades das crianças, despertando nele um grande interesse pelas experiências de natureza infantil. Após várias tentativas em encontrar uma profissão de acordo com sua vocação, acabou por descobrir na atividade educativa uma sua aptidão que correspondia aos seus anseios .

Sua vida acadêmica iniciou-se com a escola primária, depois entrou para a Universidade de Iena, onde revelou grande aptidão para a matemática, ciências naturais, agricultura e arquitetura. Tornou-se em seguida, professor da escola de Grüner, discípulo de Pestalozzi a quem visitou em Yverdun. “Reconhecendo as deficiências de sua cultura científica, resolveu Froebel cursar, aos 29 anos, a Universidade de Göttingen, onde estudou línguas orientais, astronomia e minerologia”.(SANTOS, 1964, p.293.)

Sua principal obra foi A educação do homem (1826), onde escreveu que a educação é o processo em que o indivíduo desenvolve a condição humana auto-consciente. “Iniciando, em seguida, uma série de experiências no sentido de utilizar a atividade espontânea da criança como meio educativo” (SANTOS, 1964, p.294). Nessa mesma época interessa-se pelas possibilidades educacionais dos primeiros anos da infância. Daí surgirá a idéia inovadora de cultivar o estímulo das atividades das crianças que mais tarde receberá o nome de Jardim de Infância, onde as crianças eram consideradas como plantinhas de um jardim do qual o professor seria o jardineiro. A criança se expressaria através das atividades lúdicas.

Foi um defensor do desenvolvimento genético, que segundo ele ocorre nas seguintes etapas: infância, meninice, puberdade, mocidade e maturidade, etapas estas que não eram divididas em anos, mas por tendências centrais. Eby (1978, p. 441) nos explica que:

A tendência central ou aspecto nascente de cada fase controla todos os outros progressos e define o objetivo educacional para a fase específica. A plena realização de cada fase é essencial ao desenvolvimento adequado da seguinte. Não se pode pretender que uma fase seja mais importante do que a outra. Cada fase deve ser o que aquela fase exige, e não deve ser encarada, simplesmente, como uma preparação para a seguinte.

Uma das melhores idéias com que Froebel contribuiu para a pedagogia moderna foi a de que o homem é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente receptivo. O homem é uma força e não uma mera esponja que absorve o conhecimento exterior. Com essa idéia ele mudou completamente o conceito tradicional do processo educacional. Para ele “O objetivo do ensino e da instrução é extrair sempre mais do homem e não colocar mais e mais dentro dele” e ainda “Tudo o que ela poderá ser e tornar-se está na criança e só pode ser atingido através do desenvolvimento de dentro para fora.” (FROEBEL apud EBY, 1978, p.446) Froebel foi o primeiro educador a valorizar o brinquedo e a atividade lúdica como forma de desenvolvimento intelectual na criança. Não ficando preso ao seu valor teórico, mas também em suas aplicações práticas, criando diversos tipos de brinquedos e elaborando diversas modalidades de recreação. A escola deve, portanto utilizar a auto-atividade da criança para que ela possa aprender as coisas mais importantes e úteis, não pelo estudo, mas através da própria vida.

Valorizou também a linguagem como sendo a primeira forma de expressão do ser humano a partir da qual se podem expressar os sentimentos; o desenho também teve grande significado para sua pedagogia, onde segundo Froebel, desenvolve a habilidade de pensar abstratamente. Outro ponto importante foi o que ele chama de atividades construtivas; onde o menino deve participar do trabalho da casa, como por exemplo cultivar seu próprio jardim, de uma a duas horas diárias.

A família recebe lugar especial dento da teoria educacional de Froebel, segundo ele, ela é o centro de toda atividade humana, é o meio mais favorável para se desenvolver a auto-expressão da criança, o cultivo da vida religiosa e humanizante do homem.

Mas o destaque da filosofia de Froebel foi a concepção de unidade, onde cada objeto é parte de algo mais geral e é também uma unidade, se for considerado em relação a si mesmo. No campo das relações humanas, o indivíduo é uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas mantém uma relação com o todo, isto é, incorpora-se a outros homens para atingir certos objetivos. Eby (1978, p. 446) reforça isso quando nos coloca que:

Além do mais, seria uma interpretação errônea grave pensar na criança em qualquer fase como um indivíduo lutando sozinho para sobreviver e se desenvolver . Para Froebel, todas as atividades da criança, até mesmo as atividades físicas mais comuns, estão diretamente relacionadas com a vida social que a cerca. Como ela é um organismo em si e por si mesma, assim também ela é uma parte de organismos maiores, a família e a humanidade como um todo. Desde o início da vida ela age num meio social e toda sua conduta tem relação imediata com outros. Como conseqüência, o desenvolvimento de seus sentimentos socais segue, lado a lado, o desenvolvimento de seu poder produtivo. A expressão de objetivos e necessidades internas deve sempre ser integrada com a unidade social e o propósito comum.

Para Froebel, a unidade social era sempre um princípio de unidade universal, inclusive cósmica. Esse propósito de naturalização de um sentimento de amor pelo universo criado por Deus e transferido para a sociedade deveria ser compreendido e defendido pela educação. A identificação da educação com o desenvolvimento, a subordinação da ação educativa atividade interessada da criança, a utilização do jogo e do trabalho manual como instrumentos da aprendizagem, são caracteres do sistema froebeliano que o tornam precursor das teorias educacionais contemporâneas. Todavia, a pedagogia científica rejeita o método das formas geométricas de Froebel, por abstrato e artificial.

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